Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação
Assim como as peruas, as minivans também andam meio esquecidas no mercado brasileiro. Mesmo assim, a JAC Motors e a Chevrolet, nos últimos 12 meses, vêm apostando no segmento. E ainda disponibilizam sete lugares como opção para levar toda a família.
No ano passado, a chinesa JAC começou a importar a J6, com carroceria única, mas cobrando a mais por dois bancos extras na chamada versão Diamond. Mesma estratégia a Chevrolet adotou para o seu mais novo modelo, neste ano de importantes lançamentos que 2012 tem sido para a marca.
Ela começou a vender, no início deste mês a Spin, fabricada em São Caetano do Sul para substituir, de uma tacada só, a Meriva (que tinha cinco lugares) e a Zafira (de sete). Dentro do Brasil, a Spín representa uma evolução para a Meriva, mas um retrocesso para a Zafira. Mas basta ver a nova geração europeia da minivan compacta que a sensação de evolução também vai embora. A Chevrolet reservou os cinco lugares para a versão LT e os sete para a LTZ.
O leque de opções de modelos para sete passageiros no mercado brasileiro também tem os Fiat Doblò e Freemont, a Dodge Journey (matriz deste último), o Citroën C4 Grand Picasso, o Kia Carens e a Nissan Grand Livina, fora os modelos ainda maiores e caros. O Doblò está bem velho. Freemont e Journey são crossovers, o Citroën também custa mais de 80 mil reais e a Carens,70 mil, além de estar prestes a ser substituída.
Entre estes, o concorrente que mais se aproxima, em porte e preço, de J6 e Spin é a Grand Livina, que passou por um discreto face-lift em março. Diferentemente das rivais, sua versão de sete assentos é maior em comprimento do que a de cinco (4,42m contra 4,18m). Até a terceira janela lateral é mais longa. Por isso que ela se chama Grand. No entanto, a distância entre-eixos é a mesma, de 2,60m. E será o modelo da Nissan que vai completar o trio deste comparativo entre opções na faixa de 50 mil reais. Pena que para o modelo da JAC pode ser o último comparativo com a aparência atual, pois na China ele já foi reestilizado e deve chegar ao Brasil no ano que vem. Fica a referência para o mercado de usados.
Não repare se eu falar mais demoradamente da Chevrolet, pois este comparativo também serve para apresentá-la e uma análise mais detalhada não significa vantagem na avaliação.
No mercado desde 2009, a Grand Livina tem as linhas mais conservadoras e estranhas, misturando a traseira retilínea com a grade agressiva (que trocou os grossos cromados ou cinzas pelos filetes horizontais no face-lift) e os faróis triangulares, resultando num conjunto desproporcional. O tempo ainda agravou a situação e o estilo da minivan da Nissan se tornou o mais antiquado do trio.
A dianteira da Spin até que é atraente, pois o padrão Chevrolet é arredondado e combinou com os faróis e o tamanho do monovolume (1,95m de largura). Mas a simplicidade da lateral estraga tudo. A coluna C na cor do carro e a B preta deu a impressão de que a terceira janela é menor que as demais. Ficou estranho. A situação piora com as lanternas pequenas para o tamanho da traseira muito alta. Mais reduzido ficou o vidro, pois o efeito de envolvimento é só pintura preta.
A mais redondinha, literalmente falando, é a J6. Apesar da frente um pouquinho conservadora, ela é atraente vista de lado. O que mais agrada na chinesa é a traseira com as lanternas verticais envolvendo o vidro. É a única das três com a placa na tampa do porta-malas, não deixando a traseira limpa demais.
Acabamento
Spin e J6 empatam no segundo melhor acabamento. O painel da Chevrolet tem um aspecto espartano demais. Todos os materiais são em plástico duro, sem nada emborrachado. O desenho é até moderno (mais que o Cobalt) e em dois tons de cores. O console central tem um par de porta-objetos verticais que parecem saídas de ar. O quadro de instrumentos com conta-giros analógico e velocímetro digital é igual ao do sedã compacto que lhe empresta a plataforma, mas este tem apliques prateados no painel, o que melhoraria a avaliação. Só que o revestimento interno das portas, com apenas uma pequena faixa de tecido, não ajuda. Por falar em tecido, o revestimento dos bancos é muito fino. É muita simplicidade para um carro de mais de 50 mil reais.
Spin e J6 empatam no segundo melhor acabamento. O painel da Chevrolet tem um aspecto espartano demais. Todos os materiais são em plástico duro, sem nada emborrachado. O desenho é até moderno (mais que o Cobalt) e em dois tons de cores. O console central tem um par de porta-objetos verticais que parecem saídas de ar. O quadro de instrumentos com conta-giros analógico e velocímetro digital é igual ao do sedã compacto que lhe empresta a plataforma, mas este tem apliques prateados no painel, o que melhoraria a avaliação. Só que o revestimento interno das portas, com apenas uma pequena faixa de tecido, não ajuda. Por falar em tecido, o revestimento dos bancos é muito fino. É muita simplicidade para um carro de mais de 50 mil reais.
O acabamento da minivan chinesa ficaria isolado em segundo se houvesse pelo menos uma maciez nos plásticos do painel. Mas não há. É tudo duro, o que o deixa igualado ao Chevrolet. Em compensação, a aparência de refinamento da JAC é melhor por causa do tom escuro e da máscara prateada no console central ovalado. Com este formato, mais as saídas de ar circulares e os frágeis botões de rádio e climatização, podemos visualizar o rosto de uma coruja no painel da J6. Visual que já não existe mais na China. Ele deu lugar a um tablier parecido com o do novo Ford Ecosport.
Mais sóbrio, o interior da Grand Livina é o mais caprichado. Os plásticos têm melhor aparência, os detalhes prateados são usados com moderação e o revestimento das portas é mais agradável.
Espaço interno e porta-malas
Chevrolet Spin |
JAC J6 |
Nissan Grand Livina |
As duas versões da Spin são equipadas com o motor Econo.Flex 1.8, de apenas oito válvulas e sem variador de válvulas, que rende 106 cavalos com gasolina e 108 cv com álcool. O câmbio básico é o manual de cinco marchas. O automático sequencial de seis, o mesmo do Cruze e do Sonic, é opcional para a LT e a LTZ. Bem que o motor poderia ser o mesmo do sedã médio também.
O propulsor 1.8 da Grand Livina, por outro lado, é bem mais moderno, mesmo com três anos de carreira. Também bicombustível, tem comando variável das dezesseis válvulas e rende 125 cavalos com gasolina e 126 cv com álcool. A minivan da Nissan também tem opção de câmbio automático. Só que a transmissão, ao contrário da rival nacional, é ultrapassada, com apenas quatro marchas.
O motor mais potente deste comparativo é o 2.0 16 válvulas da J6, que rende 136 cavalos só com gasolina. O modelo da JAC não pode ser abastecido com álcool. Também falta na minivan chinesa a opção do câmbio automático, o que pode impedir a sua escolha no mercado, salvo se alguém gostar de passar marcha no braço. Quem sabe a nova geração não dispense a embreagem?
A J6, porém, não aproveitou a vantagem do motor mais potente e acelerou apenas em 13 segundos, seis décimos mais rápida que a Spin. A falta do câmbio automático, entretanto, prejudicou a retomada da chinesa, já que a Quatro Rodas, dona dos dados de teste, testou a Chevrolet e a Nissan nesta configuração. Única manual, a JAC acelerou de 80 para 120 km/h em 21,4 segundos. A Spin fez a mesma marca em 11,5 seg. A Grand Livina, com o segundo motor mais potente e o câmbio mais antigo, ganhou as duas provas com 11,6 s de aceleração e 9,1 s de retomada.
Pelo menos, o uso exclusivo da gasolina fez a J6 ser mais econômica, pois a Quatro Rodas também só testa os concorrentes com álcool. Assim, a JAC gasta menos petróleo, com 7,9 km/litro na cidade e 10,7 km/l na estrada. Iguais em combustível, a Grand Livina se saiu melhor contra a Spin. O consumo urbano nem ficou muito distante da J6: 7,3 km/l e na estrada 9,8 km/l. A Chevrolet fez 6,5 km/l e 8,4 km/l.
Segurança e Conforto
No papel, ou melhor, nos equipamentos de série, a Grand Livina leva vantagem por ter freios ABS com EBD e assistente de frenagem de urgência. Mas só com câmbio automático. O manual não tem nem o ABS. O JAC, no entanto, é o único que tem apoio de cabeça para todos os sete passageiros, mas, como todos, fica devendo o cinto de segurança de 3 pontos para o passageiro do meio.
Já na prática quem se destaca na frenagem é a chinesa, que para em 59,2 metros a 120 km/h. A Spin vem em segundo com 61,7m e a Grand Livina, atrás, mesmo com o assistente de frenagem de urgência da versão automática, com 66,3m. Os números são da Quatro Rodas também.
De acordo com a mesma publicação da Editora Abril, a Grand Livina dá o troco no nível de ruído, registrando uma média de 65,9 decibéis, também a 120 km/h. A J6 vem em segundo com 66,9 dBA e a Spin em terceiro com 67,6 dBA.
Preço e equipamentos de série
A revista Quatro Rodas testou a Spin e a Grand Livina com câmbio automático. Mas a comparação de preço será baseada na versão manual de ambas, para equilibrar com a J6, que só tem esta transmissão. Assim, quem sai mais barato é o modelo da Nissan, que, com promoção até o final do mês por causa da redução do IPI (que não deve ser mantida), está saindo por R$ 51.990. A Chevrolet com pintura metálica adicionada custa R$ 52.140 e a JAC Diamond, com sete lugares, R$ 54.990.
Em quantidade, a maior lista de equipamentos de série é da Spin. A minivan da Chevrolet traz de série, na versão LTZ, ar condicionado manual, direção hidráulica, vidros, travas, retrovisores e porta-malas elétricos, abertura das portas por controle remoto na chave canivete, computador de bordo, som com MP3, Bluetooth e comandos no volante, airbags frontais, freios ABS com EBD, banco do motorista, volante e faróis com regulagem de altura, faróis de neblina, rodas de alumínio de 15 polegadas e sensor de estacionamento. Escolhendo o câmbio automático por mais R$ 3.700, a Spin adiciona o piloto automático.
A J6 levaria vantagem pelo ar condicionado digital e o apoio de cabeça central, mas, desta lista da Spin, a Diamond não tem mp3, computador de bordo, o destravamento elétrico do porta-malas e nem Bluetooth. Bancos em couro, pintura metálica e rodas de liga-leve aro 17 são opcionais.
Na Grand Livina, por sua vez, faltam comando de som no volante, Bluetooth e, o mais grave, sensor de estacionamento e ajuste de altura do banco do motorista. Também não tem a regulagem de altura dos faróis. Além disso, os freios ABS com EBD e assistente de frenagem, faróis de neblina e o controle remoto são exclusivos da versão automática, que custa R$ 57.690. Em compensação a Nissan, inclusive a manual, tem ar condicionado digital, rodas de liga-leve de 15 polegadas e direção elétrica variável de série. Comprando a versão automática leva-se a chave presencial, descansa-braço, banco traseiro bipartido e bancos em couro.
A ordem de avaliação dos equipamentos de série ficou em Spin, J6 e Grand Livina, mas se você prefere um ar condicionado digital em vez de um sensor de estacionamento ou bluetooth com controle no volante, escolha a Nissan.
Para quem prefere as versões de cinco lugares, a J6 comum custa R$ 52.990. A Livina básica está saindo por R$ 42.590 já com ar condicionado, direção elétrica, trio elétrico e airbags duplos. A Spin LT custa R$ 44.590 com pintura lisa e traz de série ar condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricos, airbags frontais e freios ABS com EBD, alarme com controle remoto na chave canivete, banco do motorista e volante com regulagem de altura. Com rodas de alumínio, som com MP3 e Bluetooth o preço aumenta para R$ 45.990. Com câmbio e piloto automáticos fecha em R$ 49.690. Se quiser pintura metálica adicione 1.150 reais a esses preços.
Assistência
A exemplo do que houve com o Sonic, a Chevrolet não divulgou o preço do pacote de peças da Spin para a revista Carro Hoje. Só que no caso da minivan, a expectativa é que custe próximo às das rivais, pois as revisões até 30 mil quilômetros são assim: 1.080 reais para a Spin, R$ 1.257 para a J6 e R$ 1.188 para a Grand Livina. O pacote de peças das duas últimas custa R$ 3.167 e R$ 3.351, respectivamente. E a rede da Chevrolet ainda é a maior, com 600 postos. A Nissan tem 145 e a JAC apenas 50. Em relação a garantia, a importadora chinesa oferece 6 anos. As fabricantes nacionais oferecem 3. Na classificação da assistência: Spin em primeiro e J6 e Grand Livina empatadas em segundo.
Conclusão
A Spin chega ao enfraquecido mercado brasileiro de minivans, principalmente de sete lugares, se destacando com seus equipamentos de entretenimento e conveniência mais completos, além de se aproveitar da ampla rede da Chevrolet. Foram as suas únicas vitórias. Ela tem motor fraco, gasta muito combustível e faz muito barulho. Culpa do seu acabamento simples demais para um carro de mais de 50 mil reais, que só não ficou com o último lugar porque a JAC J6 também é frágil no revestimento interno. Por falar no interior do carro, o espaço decepciona para uma minivan derivada do confortável Cobalt. O porta-malas também é mediano, assim como o estilo, o desempenho, a frenagem e o preço. Com tanta mediocridade a Spin somou 23 pontos e ficou um pouco distante das rivais asiáticas, com três e quatro pontos a mais.
Uma delas é a Nissan Grand Livina, que é feinha (um dos seus pontos fracos), mas tem boas qualidades, como o preço, o desempenho, nível de ruído, acabamento (a principal qualidade) e o espaço interno. Motor, consumo e assistência são medianos. A sua lista de equipamentos é boa, com direção elétrica e ar condicionado digital, mas peca por faltar sensor de estacionamento, bluetooth, controle no volante e até ajuste de altura do banco do motorista. Talvez isso e mais a frenagem longa tenham a deixado em segundo lugar no comparativo com 26 pontos.
A vencedora, com 27 pontos, é a chinesa JAC J6, que também apresentou defeitos como o espaço interno e o preço alto. O acabamento é frágil e empatou com a Spin. A sua assistência só é a segunda melhor por causa da garantia de 6 anos, pois a JAC tem poucas revendas. A lista de equipamentos tem faltas como a conexão MP3, o Bluetooth e o computador de bordo. Mas a ausência mais sentida é a do câmbio automático, que pode lhe tirar vendas. Desempenho e nível de ruído foram medianos. Curiosamente, foi o maior número de segundos lugares que valeu a vitória para a J6, pois em primeiros empatou com a Grand Livina. A JAC ganhou no motor, consumo, frenagem, porta-malas e estilo. Se sem câmbio automático e com visual já fora de linha na China ela venceu o comparativo, como será que ela se sairá na nova geração, que deve chegar no ano que vem? O mercado de usados agradece.
Classificação
1º JAC J6 2.0 16V DIAMOND - 27 pontos
Motor: Quatro cilindros, transversal, gasolina, 1.997 cm³, 16 válvulas
Potência: 136 cv
Aceleração de 0 a 100 km/h: 13 segundos (revista Quatro Rodas)
Velocidade máxima: 183 km/h
Consumo: 7,9 km/litro na cidade e 10,7 km/l na estrada (revista Quatro Rodas)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,55 /1,78/1,66 /2,71 m
Porta-malas: 198 (7 lugares) e 720 (5 lugares) litros
Tanque: 68 litros
Preços: R$ 52.900 (5 lugares) e R$ 54.990 (7 lugares - Diamond)
Motor: Quatro cilindros, transversal, flex, 1.798 cm³, 16 válvulas
Potência: 125 cv (gasolina) e 126 cv (álcool)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,6 segundos (revista Quatro Rodas, com álcool)
Velocidade máxima: 182 km/h
Consumo: 7,3 km/litro na cidade e 9,8 km/l na estrada (revista Quatro Rodas, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,42 /1,92/1,62 /2,60 m
Porta-malas: 123 (7 lugares) e 589 (5 lugares) litros
Tanque: 50 litros
Preços: R$ 51.990 (manual) e R$ 57.690 (automática)
Motor: Quatro cilindros, transversal, flex, 1.796 cm³, 8 válvulas
Potência: 106 cv (gasolina) e 108 cv (álcool)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 13,6 segundos (revista Quatro Rodas, com álcool)
Velocidade máxima: 165 km/h
Consumo: 6,5 km/litro na cidade e 8,4 km/l na estrada (revista Quatro Rodas, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,36 /1,95/1,66 /2,62 m
Porta-malas: 162 (7 lugares) e 553 (5 lugares) litros
Tanque: 53 litros
Preços (com pintura metálica): R$ 52.140 (manual) e R$ 55.840 (automática)
Apesar do acabamento frágil, da falta de câmbio automático, de alguns equipamentos e do preço alto, é a JAC J6, pelo seu estilo mais atraente. A mais racional, claro, é a Nissan Grand Livina.