NO MERCADO - CHRYSLER 300C

Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


Imagina um yuppie norte-americano engravatado. Agora pense nele, oito anos depois, mais rico, maduro e com um terno novo de corte italiano. Imaginou? Pois esse yuppie é o Chrysler 300C, sedã de 5,07 metros de comprimento por 1,90m de largura, lançado em 2004, com a plataforma do Mercedes Classe E da época, quando a marca estadunidense pertencia à alemã.

Hoje, a Chrysler é de propriedade da Fiat, que deu o tal "corte" italiano ao 300C. A plataforma germânica, o perfil bem reto, o teto aparentemente baixo, a linha de cintura alta e a traseira inclinada de lanternas verticais permanecem, mas a frente e o interior deram uma nova vida ao modelo, que na Europa ganhou o nome de Lancia Thema e nos Estados Unidos virou apenas 300.

Antes com dois refletores circulares agrupados, os faróis agora têm formato de bandeira, cada um com um refletor circular de xenônio, semi emoldurado por filetes de LEDs para iluminação diurna. Os retrovisores ganharam piscas integrados. A enorme grade retrô, também retangular e com aletas axadrezadas, deu lugar a um conjunto trapezoidal, inclinado e com frisos paralelos. O par de apliques cromados no para-choque foi mantido. As lanternas traseiras, apesar da mesma posição, ficaram mais finas. As rodas são de 18 polegadas, dando o toque agressivo ao sedã.


O interior está mais moderno e caprichado. Couro, plásticos emborrachados, cromados e madeira de verdade no volante, painel e portas decoram o ambiente. O desenho do tablier agora é ovalado e mais esportivo, lembrando até o novo Dodge Dart (ou Fiat Viaggio). O relógio analógico permanece no console central, acima da tela de LCD de 8,4 polegadas sensível ao toque, mas a iluminação verde deu lugar a uma azul de cinco níveis de intensidade ao gosto do proprietário.

O espaço é melhor na frente. Atrás, apesar do entre-eixos de 3,05m e da boa acomodação das pernas, elas ficam mais acanhadas do que nos sedãs mostrados anteriormente aqui no blog. O quinto passageiro, mesmo com apoio de cabeça e cinto de 3 pontos, vai sofrer com a altura do túnel da transmissão da tração traseira. Já o porta-malas de 462 litros ainda perdeu 42 litros de capacidade.

O 300C chega ao Brasil em versão única, somente com o motor Pentastar 3.6 V6, de 286 cavalos (o mesmo do utilitário Dodge Journey com 6cv a mais) e câmbio automático de oito marchas, porém, sem a opção de trocas manuais e sequenciais. O conjunto substitui o antigo 3.5 e a transmissão de cinco velocidades.

A melhora na potência não ajudou na aceleração de 0 a 100 km/h em 8 segundos. Só a retomada entre 80 e 120 km/h em 5,3 segundos. Culpa dos 1.814 kg da carroceria. O consumo agrada: 8,6 km/l na cidade e 14 km/l na estrada. A frenagem de 56,2 metros a 120 km/h é excelente e o nível de ruído de 63,4 à mesma velocidade é bom. Todos esses números são da revista Carro.

O Chrysler vem equipado com ar condicionado automático digital de duas zonas; sistema de áudio premium com nove alto-falantes, CD, MP3, Bluetooth, DVD e navegador integrados por controle de voz e no volante; entrada USB e auxiliares para iPod, iPhone e IPad; bancos dianteiros e pedais com ajustes elétricos e memória; aquecimento e ventilação nos bancos dianteiros; bancos traseiros também aquecidos; computador de bordo; coluna de direção com regulagem elétrica de altura e profundidade; sensores de estacionamento dianteiro e traseiro; espelhos retrovisores elétricos com rebatimento, memória, aquecimento e anti-ofuscamento; seis airbags (frontais, laterais e de cortina); freios ABS; controle eletrônico de estabilidade; limpadores de para-brisa com sensor de chuva; persiana traseira com acionamento elétrico; piloto automático; porta-copos refrigerados e aquecidos; nivelador da suspensão; sistema de entrada e partida sem chave; monitoramento da pressão dos pneus e e teto solar panorâmico (dianteiro e traseiro). 


São itens dignos de um carro executivo, mas faltam câmera de ré, distribuição eletrônica de frenagem, câmbio sequencial, regulagem elétrica dos bancos traseiros, controle de ar para os mesmos, airbag para joelhos e um auxílio de partida em aclive ou declive para ele ficar mais completo. 

Mesmo assim, custa R$ 179.900, bem mais caro que os R$ 135 mil pedidos pela versão antiga, ausente do mercado brasileiro desde 2010. E também frente aos rivais mostrados nesta série: Hyundai Azera (R$ 125 mil), Kia Cadenza (R$ 124,9 mil) e Toyota Camry (R$ 161 mil). Só é mais barato que os R$ 220 mil do Hyundai Genesis. O aumento do IPI tem a sua parcela de culpa, mas não pode ser sempre a desculpa para o preço tão elevado de um modelo que nos Estados Unidos custa a partir de 28 mil dólares. O executivo brasileiro precisa ficar mais rico para comprar o "terno" americano de molde alemão e corte italiano. 

FICHA TÉCNICA - CHRYSLER 300C V6 3.6

Motor: Seis cilindros em V, longitudinal, gasolina, 3.604 cm³, 24 válvulas
Potência: 286 cv 
Aceleração de 0 a 100 km/h: 8 segundos (revista Carro)
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo: 8,6 km/l na cidade e 14 km/l na estrada
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 5,07/1,90/1,49/3,05m
Porta-malas: 462 litros
Tanque: 72 litros
Preço: R$ 179.900

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