Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação
O carro que a Citroën lançou para disputar o mercado dos aventureiros urbanos já está nas ruas. Seis meses depois de apresentar o Aircross no Em Breve no Brasil faço agora uma análise da minivan com roupagem de utilitário esportivo.
O Aircross é a versão utilitária da futura nova geração do C3 hatch, que ainda não chegou ao Brasil. Para viabilizar sua produção no estado do Rio de Janeiro, a montadora francesa usou a plataforma com melhorias da versão atual do compacto. A carroceria é a mesma do C3 Pìcasso, mas com a grade aberta no capô e emoldurada pelos frisos prolongados do emblema. No modelo europeu, o capô é fechado. Ah, e claro, o nosso ganhou os apetrechos esportivos off-road como para-choques reforçados, estribos, altura elevada, cromados com o nome do carro, bagageiro no teto, aerofólio e o estepe na tampa do porta-malas, além da suspensão elevada.
O Brasil é um mercado que acolhe veículos com aparência fora de estrada, mas que não faz questão de tração integral por causa de custos. Por isso, a Citroën preferiu apostar a nova geração do C3 primeiramente neste segmento para depois arriscar com o C3 Picasso "à paisana" (que vai se chamar Airdream) e mais tarde o C3 hatch convencional e o elegante DS3.
Estilo *****
Moderno e em sintonia com o exterior. Capaz até de motivar a matriz francesa a lançar uma versão igual na Europa. Chama atenção por onde passa. O para-brisa quase panorâmico é o seu maior atrativo. Colunas prateadas em cada lado, na verdade o prolongamento do bagageiro longitudinal do teto, o dividem em três. A lateral tem ampla área envidraçada e o nome do carro no para-lamas. Na traseira as lanternas são elevadas e a luz de ré fica no para-choque arredondado, embaixo do estepe apoiado na tampa traseira.
Acabamento ****
Caprichado. Acima dos concorrentes Ecosport, Fiat Idea Adventure e Kia Soul. Encaixes bem-feitos e materiais agradáveis ao toque. Os cromados da versão top Exclusive são de verdade. Também nesta versão o console central tem acabamento em black piano. Os bancos acomodam bem o corpo e apresentam boa densidade de espuma e malha perfurada no assento e no encosto para evitar escorregões com o couro. Pena que os plásticos são muito rígidos e o revestimento da porta não é de tecido (artigo em extinção) e sim de plástico.
O painel também poderia ter um desenho mais moderno. A aparência ficou muito simples. Os três difusores de ar com moldura prateada se destacam, mas lembram os carros populares do mercado brasileiro. O volante tem base plana. As versões GLX e Exclusive têm conjunto de bússola e inclinômetro, mas esta última pode ser equipada opcionalmente com navegador GPS integrado ao painel com tela de 7 polegadas.
Espaço interno ***
Bom para a cabeça. As pernas ficam bem acomodadas, mas muito altas, podendo gerar algum desconforto. A largura é razoável.
Porta-malas ***
Tem 403 litros. Superior aos rivais, mas abaixo dos sedãs compactos. O estepe externo na tampa dificulta a sua abertura, apesar desta poder ser feita por controle remoto. Iria dar menos trabalho se a porta abrisse na horizontal, como no Ecosport.
Motor e câmbio **
O motor 1.6 16v Flex rende 110 cavalos com gasolina e 113 cv com álcool. Adequado para o C3 hatch atual e até o C3 Picasso. Mas para o Aircross não pegou bem. Ficou fraco por causa do peso (na faixa de 1.300 kg). Merecia um 1.6 mais moderno e mais potente ou até a versão 2.0 do C4. O câmbio é manual de cinco marchas. Faltou uma opção automática que deve ser lançada em breve.
Desempenho **
Prejudicado pelo peso e o motor 1.6 16v. Acelera de 0 a 100 km/h em 13,6 segundos, de acordo com a Quatro Rodas. A retomada de 80 a 120 km/h é feita em 21,2 s pela mesma publicação.
Consumo *
Testado com álcool pela Quatro Rodas, combustível que dá mais desempenho mas gasta mais combustível em troca, os números do Aircross decepcionaram muito. Percorreu seis quilômetros com um litro na cidade e 8,1 km/l na estrada. Média de 7,05 km/l,
Antes de pensar nesta avaliação, fiz um levantamento com todos os carros testados pela revista da Editora Abril desde o segundo semestre de 2008 e o Aircross ficou em antepenúltimo lugar. Só é mais econômico que os jipes Range Rover e Mercedes ML63, ambos V8. E gasta um pouco mais de combustível do que o Jaguar XF V8.
Segurança **
Números razoáveis na frenagem e equipamentos de segurança triviais (airbags frontais e freios ABS) disponíveis de série apenas para a versão top Exclusive, que ainda oferece as bolsas laterais, sensores de estacionamento, chuva e crepuscular como opcionais. A GLX pode ser comprada com airbag frontal à parte. Também exclusivo da versão mais cara é o apoio de cabeça central, mas falta nesta o cinto de segurança de 3 pontos para o passageiro do meio.
Conforto ****
O Aircross tem um bom nível de ruído. O para-brisa é de vidro acústico, formado por uma película com três camadas. Já citados, os bancos têm boa densidade de espuma. Ainda falando em maciez, a suspensão é bem acertada, filtrando bem os desníveis do nosso chão e segurando o carro nas curvas. Os controles dos vidros estão posicionados nas portas.
Preço e Equipamentos **
O Aircross chega ao mercado brasileiro em três versões de acabamento, todas com motor 1.6 16v Flex: GL (R$ 53.900), GLX (R$ 56.400) e Exclusive (R$ 61.900). Caros, mesmo a Citroën justificando que pertencem a um segmento premium. Só classifiquei como razoável porque a versão GL já traz de série ar condicionado manual, direção hidráulica, trio elétrico, computador de bordo, cintos de segurança com limitadores de esforço e regulagem de altura, travamento automático em movimento das portas programável, porta-luvas refrigerado, banco traseiro bipartido e controle remoto das portas e travamento do estepe. Ainda assim faltaram os vidros elétricos traseiros, os airbags frontais e o banco do motorista com regulagem de altura, itens tão ou mais importantes para uma versão básica que o porta-luvas refrigerado e a programação da trava em movimento. Som mp3 com alto-falantes e entrada para iPod, comandos satélites na coluna de direção e marcador de temperatura externo são os únicos opcionais.
Dois dos três itens importantes que faltaram no GL são de série no GLX. Os airbags da frente são opcionais. A versão intermediária ainda adiciona faróis de neblina, rodas de alumínio, revestimento dos bancos em veludo, função um toque e sensor anti-esmagamento para os vidros elétricos do motorista, além do sistema de som opcional para o GL.
Os cobiçados airbags frontais, freios ABS com distribuição eletrônica de frenagem, piloto automático com controle no volante, ar condicionado digital e bancos em couro são de série na Exclusive, que também tem alarme antifurto, terceiro encosto de cabeça do banco traseiro, apoio de braço dianteiro, mesinhas atrás dos bancos dianteiros e rádio com Bluetooth, USB e seis alto-falantes, que deveriam estar presentes na versão básica.
Concorrentes **
Fiat Idea Adventure 1.8 16v Flex - R$ 59.010
Ford Ecosport 1.6 Flex - R$ 51.070
Kia Soul 1.6 -R$ 52.900
Nissan Livina X-Gear 1.6 16v SL - R$ 52.990
Peugeot 207 SW Escapade 1.6 -R$ 46.990
Volkswagen Crossfox 1.6 - R$ 48.600
Opções de cores
Branco (lisa), prata, ferrugem, areia, grafite, vermelho e preto (metálicas, a R$ 710)
FICHA TÉCNICA - CITROËN AIRCROSS 1.6 16V FLEX ***
Motor: 4 cilindros, transversal, cilindrada, 16v, 110 (G) /113 cv (A)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 13,6 segundos (segundo a revista Quatro Rodas, com álcool)
Consumo médio: 7,05 km/l (segundo a Quatro Rodas, com álcool)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,28 / 1,72 / 1,69 / 2,54 m
Porta-malas: 403 litros
Preços: R$ 53.900 (GL), R$ 56.400 (GLX) e R$ 61.900 (Exclusive)