Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação
Ao contrário do que se especulava, o sucessor do hatch 308, recém-chegado no Brasil, não se chamará 301. A marca francesa do Leão mudou de ideia e vai usar a nomenclatura que recomeça a contagem da série em um sedã médio-compacto a ser fabricado na Espanha (na planta de Vigo) para ser vendido lá, além de centro e leste da Europa, Turquia (primeiro a receber o carro), Oriente Médio, parte da África e países da América Latina, inclusive o Brasil, países que mais aceitam esse tipo de carro.
Com 4,44m de comprimento e 2,65m de distância entre-eixos, o 301 não será a versão sedã do futuro 308 e, sim, do 208, que será fabricado em nosso país no final do ano. A plataforma é a mesma do hatch compacto, fazendo dele o sucessor do 207 Passion.
O design segue os traços do grande 508, que já está chegando por aqui. A frente se destaca pelos faróis longos e planos e a grade hexagonal discreta, com dois frisos cromados na parte superior, onde há a inscrição PEUGEOT. O leão está no capô, em baixo relevo. A entrada de ar principal surge no para-choque. Essa é a nova identidade da marca, presente, inclusive, no 208, sendo que neste os faróis são puxados mais para cima.
A lateral é reta, com vincos acima e abaixo das maçanetas. A base das janelas laterais é ascendente e forma uma ponta com a parte superior, acompanhada pelo vão da porta traseira. A tampa do porta-malas é alta e limpa. Tem apenas o símbolo e o nome Peugeot no meio, com a assinatura do modelo no lado direito. As lanternas são retangulares simples e vão até a lateral. Ao contrário do 208, a garra do leão é apenas um detalhe da parte branca da lente.
O interior é quase básico, com painel de console trapezoidal, saídas de ar horizontais no centro e quadradas nas extremidades. O quadro de instrumentos é bem tradicional, sem a ousadia do 208, que fica lá no alto. O volante, de três braços, parece espartano. Ainda não foram divulgadas fotos do habitáculo, mas deve oferecer bom espaço para as pernas do passageiro de trás. O porta-malas já tem capacidade anunciada: 506 litros.
De perfil, o 301 é até parecido com o Chevrolet Cobalt e o Nissan Versa, que serão os seus principais concorrentes no mercado brasileiro. Eles, aliás, são maiores que o Peugeot. O primeiro tem 4,47m de comprimento e 2,62m de entre-eixos, enquanto o nipo-mexicano mede 4,45m e 2,60m. Em espaço interno, o francês deve levar vantagem, pois seu entre-eixos equivale ao do Volkswagen Jetta. Fiat Grand Siena, Ford New Fiesta, JAC J5, Honda City e Chevrolet Sonic Sedan também estarão a sua espera.
Na Europa, onde será apresentado no Salão de Paris, em setembro, o 301 terá três variações de motores, sendo dois a gasolina (1.2 de 72cv e 1.6 de 115cv) e um turbodiesel, o 1.6 HDi, de 92cv. Lá, ele deverá ser equipado com quatro airbags, freios ABS e controle de estabilidade (ESP). No Brasil, se vier, lá para 2014, poderá ter dois motores flex, como o 1.4 de 85 cv e o 1.6 de 122cv, ambas a potência com etanol. Aqui, ele deve ter na lista ar condicionado automático, rádio com MP3, Bluetooth, USB, porta-malas com abertura por telecomando, sensor de estacionamento traseiro, freios com ABS, AFU (Assistência de Frenagem de Urgência), controle de estabilidade (ESP), até quatro airbags e ISOFIX.
O Peugeot 301 foi desenvolvido para rodar em quaisquer tipos de clima e estradas. Apesar de ser o sedã ideal para o nosso mercado e esteja incluído nos planos mundiais da empresa, uma vez que o grupo PSA anunciou investimentos na fábrica de Porto Real para lançar dois novos modelos Peugeot e Citroën até 2015, o seu lançamento no Brasil ainda não é oficial. Por isso não usei o selo Em Breve no Brasil neste artigo.
A nova nomenclatura
A Peugeot anunciou que a nova nomenclatura terminada em 1 passará a batizar os veículos para os mercados emergentes. Com isso, ela quebrou uma tradição e criou uma confusão. A verdade é que o nome recomeçou do 1 para não lembrar o finado sedã 309. O antecessor do 306 (1993-2001) também tinha uma versão hatch e era baseado no Talbot Arizona, da marca francesa, sucessora da Simca, comprada pelo grupo PSA nos anos 80. Foi lançado em 1985 e durou até 1993. Não foi muito bem sucedido. Daí a decisão de evitar a repetição do seu nome. Como um 310 pode criar confusão com a BMW, optou-se pelo retrocesso. Há rumores de que o sucessor do 308 mantenha o código, se tornando assim, o primeiro Peugeot inteiramente reestilizado com o mesmo nome.
Peugeot 309 - 1985/1993 |
O primeiro Peugeot 301 era uma linha média que tinha versões sedã tipo calhambeque, cupê e conversível, vendidas entre 1932 e 1936. Tinha motor 1.5 de 35 cavalos e usava portas suicidas, que se abriam para trás. O conversível, chamado Eclipse, foi quem lançou o conceito de teto rígido retrátil, resgatado pela Mercedes SLK e que já foi usado nos Peugeot 206, 207, 307 e 308 CC e agora é usado em vários modelos do gênero, inclusive na Ferrari California.
Peugeot 301 Sedan 1932 |
Peugeot 301 Coupé 1933 |
Peugeot 301 Eclipse 1933 |